sábado, 21 de agosto de 2010

Esquema interessante de dissertação

O texto Aquilo por que vivi, de Bertrand Russel, revela uma estrutura que o vestibulando poderá usar em sua redação. Leia o texto:

Aquilo por que vivi
Três paixões, simples, mas irresistivel-mente fortes, governaram-me a vida: o anseio de amor, a busca do conhecimento e a dolorosa piedade pelo sofrimento da humanidade. Tais paixões, como grandes vendavais, impeliram-me para aqui e acolá, em curso, instável, por sobre o profundo oceano de angústia, chegando às raias do desespero.

Busquei, primeiro, o amor, porque ele produz êxtase – um êxtase tão grande que, não raro, eu sacrificava todo o resto da minha vida por umas poucas horas dessa alegria. Ambicionava-o, ainda, porque o amor nos liberta da solidão – essa solidão terrível através da qual nossa trêmula percepção observa, além dos limites do mundo, esse abismo frio e exânime. Busquei-o, finalmente, porque vi na união do amor, numa miniatura mística, algo que prefigurava a visão que os santos e os poetas imaginavam. Eis o que busquei e, embora isso possa parecer demasiado bom para a vida humana, foi isso que – afinal – encontrei.

Com paixão igual, busquei o conhecimen-to. Eu queria compreender o coração dos ho-mens. Gostaria de saber por que cintilam as es-trelas. E procurei apreender a força pitagórica pela qual o número permanece acima do fluxo dos acontecimentos. Um pouco disto, mas não muito, eu o consegui.

Amor e conhecimento, até ao ponto em que são possíveis, conduzem para o alto, rumo ao céu. Mas a piedade sempre me trazia de volta à terra. Ecos de gritos de dor ecoavam em meu coração. Crianças famintas, vítimas torturadas por opressores, velhos desvalidos a construir um fardo para seus filhos, e todo o mundo de solidão, pobreza e sofrimentos, convertem numa irrisão o que deveria ser a vida humana. Anseio por avaliar o mal, mas não posso, e também sofro.

Eis o que tem sido a minha vida. Tenho-a considerado digna de ser vivida e, de bom grado, tornaria a vivê-la, se me fosse dada tal oportunidade.
(Bertrand Russel, Autobiografia. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1967.)

O texto, cujo tema está explícito no título – os motivos fundamentais da vida do autor – apresenta cinco parágrafos.
No primeiro parágrafo, o autor revela as suas “três paixões”:
a) amor;
b) conhecimento;
c) piedade.

Em seguida, dedica três parágrafos para cada uma dessas paixões. O segundo parágrafo fala sobre a busca do amor; terceiro, sobre a procura do conhecimento; e o quarto, sobre a importância do sentimento piedade diante do sofrimento.
O quinto e último parágrafo realiza a con-clusão do texto.
Eis o esquema:
1º§ - a, b, c;
2º§ - a;
3º§ - b;
4º§ - c;
5º§ - a, b, c.
Observar a estrutura dos textos disserta-tivos é um bom momento de aprendizagem. Re-comenda-se tal exercício aos vestibulandos: ler editoriais e artigos de jornais.

Proposta de redação
Redija uma dissertação de cinco parágrafo em que você apresente três razões para acusar ou defender o goleiro Bruno (Flamengo) do crime que é acusado.

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